25° Outono.




Apesar de ter nascido no outono, nunca me acostumei à queda das folhas, nunca me acostumei a presenciar o que um dia foi a mais pura vida, seco, caído ao chão, não consigo aceitar, apesar de saber que aquelas folhas já cumpriram o seu papel e que continuarão cumprindo mesmo depois de secas, apesar de saber que logo após o inverno a primavera bate às portas e entra, eu não me esqueço das folhas que caíram, e lamento, lamento, lamento, até não suportar mais lamentar, até fingir que esqueci daquela “folha”, mas uma jamais substitui a outra e apesar de parecer o contrário, uma estação nunca trás de volta tudo o que a outra levou.
Há 25 anos eu estava me preparando para viver o meu primeiro outono, faltavam 22 dias para sair do mundinho quente e confortável em que eu me encontrava para entrar no mundo de folhas caídas, consigo imaginar o medo que o meu espírito estava sentindo de sair dali e enfrentar a queda das folhas aqui do lado de fora, esses 22 dias devem ter passado tão rápido... E inevitavelmente eu tive que ser expulsa do meu quartinho redondo e aconchegante para também cumprir o meu papel de folha, peço perdão por ter me tornado a folha caída de alguns, o que posso dizer é que a minha memória de “folha” não se esqueceu de todas as alegrias da minha primavera na vida de vcs e digo com verdade no coração, se pudesse escolher o nosso outono jamais teria chegado, talvez o meu principal motivo para estar aqui seja para aprender a aceitar que é natural a queda dessas fohas eu que às vezes ela se torna adubo, entra pelo caule e renasce como num milagre e que quando isso não acontece, resta aceitar e respeitar a natureza das coisas.



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